Cânions do Rio São Francisco recompensam o visitante com experiência inusitada
Publicada em 18/10/2006 às 17h50m
Fabiana Parajara, do O Globo OnlineARACAJU - Os caminhos que levam a Canindé de São Francisco, a cidade sergipana que abriga a usina de Xingó e os cânions do Rio São Francisco, estão bastante esburacados. A viagem, de 213 quilômetros, levava até o final de setembro, cerca de quatro horas. Dá para ir e voltar no mesmo dia, mas é cansativo. Bem cansativo. Quem tem tempo pode reservar pelo menos dois dias para conhecer a região. Um dia é dedicado ao cânion e o outro, à rota do cangaço. Os aventureiros ainda têm a opção de fazer rapel pelo cânion.
O passeio de barco pelo São Francisco dura três horas. A viagem, saindo do restaurante flutuante Karranca's, leva quase 40 minutos para ir e mais 40 para voltar. O ponto alto do passeio é a Gruta do Talhado, onde o barco atraca para um banho de rio. A temperatura da água é sensacional e a experiência de tomar banho no maior rio brasileiro, indescritível. Quem não sabe nadar pode recorrer às bóias fornecidas pelos marinheiros. Durante a primavera e o verão, o Velho Chico tem uma cor maravilhosa, esverdeada. Nos outros meses, a chuva pode provocar a movimentação do barro no leito do rio, fazendo a água ficar mais marrom. O grupo fica cerca de uma hora no local e, logo que chega, canoeiros aparecem, oferecendo um passeio de 10 minutos no interior da gruta por R$ 2. Lá dentro, as pedras do cânion ganham uma dimensão ainda maior. Quem tem medo de morcegos, cuidado: é embaixo das rochas, próximos ao leito do rio que eles se escondem do sol.Quem for almoçar no Karranca´s, deve fazer o pedido antes de sair para o passeio. Tudo é feito na hora e demora a ficar pronto. Se decidir ficar em Canindé do São Francisco, a emoção continuará no dia seguinte, com o passeio pela Rota do Cangaço. A lancha para o passeio sai do Xingó Park Hotel e segue para o município de Poço Redondo, em Alagoas, onde Virgulino Ferreira, o Lampião, foi morto em 1938, juntamente com Maria Bonita e o restante do bando. A trilha na caatinga tem pouco mais de 600 metros, em terreno plano. Mas o sol castiga e é preciso muito protetor solar. De volta a Canindé, outro passeio interessante é o Museu de Arqueologia do Xingó, que retrata a vida humana na região há nove mil anos. Muitas peças da exposição recorrem a intervenções artísticas contemporâneas para reconstruir a história do local. É o caso do painel de concreto e cimento, de Elias Santo, chamado "Incisão contemporânea sobre o homem do Xingó", que se inspira nas inscrições rupestres encontradas nos sítios arqueológicos da região. A entrada custa R$ 3 (estudantes pagam R$ 1,5 se forem de escolas particulares ou R$ 1, de escolas públicas). O museu abre de quarta a domingo, das 9h às 16h30.
Serviço: Para chegar a Canindé de São Francisco, uma opção é pegar a BR 101, rumo ao norte, até Rosário do Catete, e acessar rodovia SE 206. A outra, é usar a BR 235 até Itabaiana, pegar a SE 106 e, em Nossa Senhora da Glória, a SE 206. O translado de Aracaju para lá, com passeio de barco pelo cânion, custa R$ 75, em boa parte das agências. Ele não inclui almoço. A Rota do Cangaço é cobrada à parte.
Karranca´s. É um simpático restaurante flutuante de onde saem as escunas para o cânion. O cardápio, como se imagina, é à base de peixes. O buffet custa R$ 22.
Quem preferir ir de carro e pegar o barco lá, paga R$ 35 pelo passeio nos lagos de Xingó ou R$ 50 para ir até a usina de Paulo Afonso, para grupos de no mínimo 10 pessoas. A empresa que presta o serviço é a MFTur (79 9972 1320).